N'água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

"Entre o ser e as coisas"
Carlos Drummond

sábado, 13 de julho de 2013

Aterramento

I

Marcos teve os pés decepados na guerra.
É por isso que flutuava.

Os doutores enfronhavam robôs.
Chips vinham ao socorro, partindo de cérebro e mãos.
Cérebro e mãos construindo pés.

II

O século traz uma nova seiva.
Sangue fertiliza e se afeiçoando brota.
A carne, recém-nascida, aos trancos vive e se junta.
Não é mais tempo de engrenagens.
Ludibriando a anciã natureza, mais se a humaniza.

Batizando nos pés impresumível valor,
Marcos afunda-os na úmida terra.

Nunca o frio plantado
e o cheiro encorpado foram tão gratos.

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