N'água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

"Entre o ser e as coisas"
Carlos Drummond

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Uma aragem resvalando

Novais era seco. Pés secos. Mãos secas. Olhos secos. Ermo de tão seco e mais seco por tão ermo, grudava no gelo e evaporava na faísca mais tolhida. Suas costas desabavam morro acima, as feridas encardiam, em dias de tormenta não deslizava. Caloso e impermeável, atravessava infantes entre margens, soprava raios, abrigava cães nas enchentes. Chorando em surdina, entoava o lamento da aridez que a tudo emprestava. Dançando na viração, novais em cinzas era uma chuva sobre o mar.

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