N'água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

"Entre o ser e as coisas"
Carlos Drummond

terça-feira, 9 de abril de 2013

Prancha

Não vamos fazer estardalhaço. Essa mania de inchar tudo. As coisas são o que são. Aconteceu, aconteceu. Tem que descolar. Vai obstruir alguma coisa? Apaga. Ou melhor: guarda na prateleira. Fica ali, ao aberto, como uma peça cara de coleção que se espaneja quando em quando. Não precisa quebrar, atirar no lixão. O cheiro sempre volta. Deixa. Condensa numa bola de gude, brinca com ela numa hora incerta. Só não junte. Elas caem e fazem barulho. Furam o solo. Joga, bate uma na outra, reúne crianças, ganha, perde, gosta. Os pés não tremam o chão, mas não precisam sussurrar. Só no balanço. Pra lá, pra cá. Aqui. Não espere o fogo na sola. Vêm sempre ondas altas.

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