N'água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

"Entre o ser e as coisas"
Carlos Drummond

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

a brisa resvala da torre movendo os cabelos docemente

não quero subir elevadores cinzas
de edifícios armados de câmeras
mas pintar suas paredes de azul-céu

atingir o relento dos andares mais altos
dançando um rito no ritmo dos astros
cujos brilhos cadentes não distingo

missivar nuvens com sopros
levando em sua química etérea
a água dos enfermeiros
chovendo nos campos da lida
a abrandar retinas cegas de estrondos

o peito contorcido em divisão
dizendo ‘longe’ e tão perto tão dentro

o que se passa nos olhos lacerados
do derradeiro registro de ser

não são capuzes tremulando de orgulho
mas o despido vento dos seus

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