N'água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

"Entre o ser e as coisas"
Carlos Drummond

domingo, 26 de agosto de 2012

eles fenecem nos postes mas se adaptam como mosquitos

orienta-me
sábio dia
nesta esfinge
obscuro néon
de vermelhos
e liláses
cujo sentido
não distingo
através
do meu porre
existencial

confundem-me
vozes baratas
atordoado
por números
saltitantes
e cantilenas
astuciosas
permeadas
de sorrisos
a prometer
bem armados
de velhas
ressonâncias
com néons
de mesmerizante
coloração
ruas
noturnas
com despreocupados
movimentos
como a chamar
insones crianças
para brincar
em parques
ermos
livres
de atentados
ao pudor
de integridades
corpóreas

quero
embriagar-me
às quatro da manhã
e tropeçar
incólume
pela cidade
que me deita
com glicose
e café
extra-forte

o único fogo
do silêncio
nas camas
dentro
de portas
e voluntários
gemidos

orienta-nos
sábia manhã
e nossas janelas
inteiriças
e resolutas
no cerne
da dignidade
não precisarão
de repelentes

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