N'água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

"Entre o ser e as coisas"
Carlos Drummond

domingo, 25 de dezembro de 2011

Sinfonia em uma rua da tragédia

Um assomo de incertezas
faz dobrar a esquina
de obliquidade escassa,
guiando-se nos raios
que os postes molhados
derramam nos para-brisas.

Notas de esquecidas canções
largadas no carro aberto,
abandonado,
numa confiança descuidada
anacrônica, perdida, deslocada.

O céu
quer jorrar sua própria canção
seus cinzas, seus claros, seus escuros
dançando a toada de
água, peso e gravidade
inundando avenidas,
invadindo armazéns,
transbordando bueiros,
deslizando encostas.

Concerto indiferente
desconsiderando planos,
delineando invenções compulsórias,
regendo, inesperado,
vozes, lamentos, gritos,
demandando fortalezas
sem pedir licença.

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