N'água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

"Entre o ser e as coisas"
Carlos Drummond

sábado, 15 de janeiro de 2011

O sueco é a língua mais bonita do universo

Estava, há pouco, revendo Através de um Espelho, um filme do fascinante país escandinavo, cujos personagens parecem instrumentos e expressam a história em fluência musicada. Parando para pensar e consultar os lembretes da memória, eu diria que vi uns treze filmes suecos. Cineastas suecos? Hmm... deixa eu ver... quantos mesmo? Ah, um. Como posso ter esquecido? Mas, eu dizia, não existe no universo língua mais bonita que a sueca. Alguém, conhecendo parcialmente a minha biografia, diria que a ideia é influência das bandas de Estocolmo e imediações, que eu escuto inflamado. Lesado engano. As referidas bandas, TODAS, cantam em inglês, malfadada dicção semi-universal do mundo pós-moderno. Outro, desconhecendo minha biografia, diria que fui abduzido pelas pornozadas e mulheradas e alouradas, tão afeitas ao espírito viking. Ao leitor das primeiras linhas, revelou-se que a língua sueca me enlaçou pelos sons que produz, inserida no conjunto mais amplo de ar, vibração, entonação, ressonância e imagem. Nesta segunda apreciação de Através de um Espelho, escondi as legendas. Epifanicamente, deparando-se meus ouvidos com uma absoluta privação de semântica, a melodia, o ritmo e os contornos desse Sueco, desfrutados como novos, assombrando-me com toda a força do convencimento, não guardaram lugar para incertezas: Sasom i en spegel. O sueco é mesmo a língua mais bonita do universo.

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