N'água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

"Entre o ser e as coisas"
Carlos Drummond

domingo, 20 de junho de 2010

Treze anos, Estados Unidos

O ano de 1994 foi um ano-chave para mim. E, por incrível que pareça, o fator determinante foi a televisão. Chegou a tv a cabo em minha casa, logo em janeiro. Mais especificamente, dois canais mudaram a minha rotina e ampliaram o meu universo: MTV e ESPN.

Começando pelo segundo, devo primeiramente dizer que o futebol havia deixado de ser o meu esporte número um. Desde que vi Magic Johnson estampando a capa de uma edição da Veja, em 1991, e li a matéria sobre a estrela do basquete americano admitindo que era HIV positivo, fui me inclinando na direção desse esporte. Comecei a jogar numa escola, comprei um video do Magic, e me divertia imensamente com os games "Lakers vs. Celtics" e "Bulls vs. Lakers". Em 1993, passei a assistir as transmissões de NBA da Bandeirantes, na faixa nobre do esporte, e invejava um colega que via os jogos pelas transmissões americanas. Finalmente, a ESPN deu as caras em minha casa, e a partir daí acompanhei ainda mais de perto a liga de basquete americana.

Infelizmente, o meu time, o Seattle Supersonics, que havia tido a melhor campanha na temporada regular (a primeira sem Michael Jordan desde 1984), foi eliminado na primeira rodada dos playoffs, para o Denver do poliglota filantrópico Dikembe Mutombo. Foi uma tragédia. Prostrado em frente ao Sportscenter, eu não acreditava.

O Brasil de 1994 era um time decente, com um excelente goleiro, bons volantes e grandes atacantes. Comemorei muito a primeira copa vencedora do Brasil em minha existência, mas posso afirmar, com certeza, que uma eliminação do Brasil não doeria tanto quanto doeu a do Seattle.

E, falando em Seattle, 1994 foi o ano em que, através da MTV, conheci o Nirvana e outras bandas daquela cidade, e em que senti amargamente a perda de Kurt Cobain. O primeiro clip da banda a que assisti foi "Heart-shaped Box". Não habituado a rock pesado, de início a música não me agradou. Mas foi só ver "Smells Like Teen Spirit" que, transportado às minhas antigas aulas de natação (em que o alto-falante tocava essa música), constatei que já gostava de Nirvana e não sabia.

Música e basquete, uma combinação viva ainda hoje em minha história. Provavelmente, até o fim.

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