N'água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

"Entre o ser e as coisas"
Carlos Drummond

domingo, 12 de outubro de 2008

Vista

Madrugada vazia de sons
Plena de segredos
Calados sobre a fileira de perdizes

Deslocados arrepios
Deslizando mãos calosas
Acarinhando as coxas
Donzela gozante

Sussurros contorcidos cortando
A vacuidade da noite
Som de veludo e vermelho ferindo
A seminudez velada

Vista da cidade
Brilhos e sonhos
Adormecidos no ladrar dos cães
Nos trinados soturnos das corujas

Uma noite de amor
Livre num capô
Dengosa como tantas

3 comentários:

Edu Café disse...

Primeiro texto literário pós-blog que posto aqui.

Novamente, grato pelos préstimos da srta. Juliana Stanzani.

l. f. amancio disse...

bom, não sou bom em comentar poemas, nem sei se eles devem ser comentados. o que posso dizer é que, lendo-o em voz alta, é sonoramente harmonioso, bem agradável.
ah e a madrugada é sempre um motivo inspirador! o silêncio dela é um silêncio bem superficial e enganoso. se nos concentramos em noites de insônia, podemos escutar diversas camdas de ruídos. talvez não os das carícias em capôs, mas sempre há indícios de almas vagantes, carros solitários indo sabe se lá pra onde, morcegos brincalhões... em Três Corações, o que mais frequentemente escutava eram os galos precipitados já anunciando a manhã.

Anônimo disse...

Os préstimos, reafirmo, são de duas mãos.

Semi-versos táteis. Bacana.
Pintura boa, travando.
Tem 'in ventos', eu gosto.
Beijos e beijos.